quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Homenagem a José de Anchieta


Tela: Kekel
No dia 14 de agosto a RELer&fazer (Rede de Experiências em Leitura) realizou, na Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), o Fórum 2014 de Leitura com homenagens a Rubem Braga (1913-1990) e José de Anchieta (1534-1597). Para palestrar sobre Anchieta a convidada foi Gilda Carvalho, autora da dissertação de mestrado José de Anchieta: o homem, sua letra e seu engajamento, defendida na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Gilda falou sobre a história de José Anchieta, sua vinda ao Brasil, sua saúde frágil, seus escritos e seus trabalhos junto aos indígenas – principalmente da produção de autos conjugada com a catequese. Um dos pontos altos dessa palestra foi o destaque ao engajamento literário de José de Anchieta: “segundo Jean-Paul Sartre, o homem pode expor-se politicamente por meio de sua produção literária. E o que é engajamento? É a associação do que se acredita e confia com escolha e ação. Anchieta tinha suas crenças, seus princípios, fez sua escolha pela Companhia de Jesus e empreendeu sua ação por meio de sua obra literária. Tinha consciência de seu compromisso com o processo de colonização, de impor a cultura cristã aos índios. Porém, sua visão humanista o fez, por exemplo, inserir os indígenas, suas danças e músicas nas peças”.

A palestra de Gilda Carvalho fez-me lembrar, em vários momentos, da peça Anchieta: Depoimento (uma coletânea de fatos que ressaltam qualidades de Anchieta), escrita por Paulo DePaula. Segundo o livro Teatro da Barra/ES: inventário analítico, em 1974, Paulo DePaula começou a sentir admiração pela vida e obra de José de Anchieta e de suas pesquisas resultou a peça, que estreou em 1976 no Theatro Carlos Gomes, em Vitória, com críticas positivas nos principais jornais em circulação da época – A Gazeta e A Tribuna. Fez-me lembrar também do livro História do Teatro Capixaba: 395 anos (edição de 1981), de Oscar Gama, o qual divide a história do teatro no Espírito Santo em três fases: Colonialista, Familiar-comunitária e semiprofissional. A fase colonialista tem início em 1585 com a apresentação, em Guarapari (ES), do auto Na aldeia de Guaraparim, cujo autor é José de Anchieta – considerado a maior expressão dessa fase. Recordei também o livro A capitoa, de Bernadette Lyra, que aborda em determinado momento um jesuíta que chegou à nossa terra muito jovem, com uma corcunda que o fazia chorar tal qual uma criança, devido às dores atrozes que sentia.

Enfim, foi um Fórum rico de conhecimentos, que demonstrou o quão importante é aprendermos cada vez mais sobre a História de nossa terra, o quão essencial é a leitura para nossas vidas, para nosso aprimoramento pessoal e intelectual.

Roberta Soares – jornalista, colaboradora da RELer&fazer e do Teatro da Barra/ES




Carvalho, Gilda Maria de A. R. Borges de. José de Anchieta: o homem, sua letra e seu engajamento. Dissertação (mestrado) – Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Departamento de Letras, 2010.

DePaula, Paulo; Filgueiras, Joanna; Malverdes, André. Teatro da Barra/ES - Inventário Analítico. Vila Velha: [S.n], 2011.

Gama, Oscar. História do Teatro Capixaba: 395 anos. Vitória, Fundação Ceciliano Abel de Almeida/Fundação Cultura do Espírito Santo, 1981.

Lyra, Bernadette. A capitoa. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2014.

2 comentários:

  1. Muito bom o relato de Roberta sobre o Forum, reafirmando a importância de José de Anchieta na literatura, poesia e dramaturgia.

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  2. Muito interessante o blog e o relato de Roberta Soares. Parabéns.

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