Por Paulo Spurgeon DePaula
Apresentando o Festival de Artes Cênicas de Sevilla (de 17 de dezembro de 2014 a 27 de janeiro de 2015), os diretores José María Roca e Pedro Álvarez-Ossorio prometem – e pudemos evidenciar – “um menu com pratos que respeita todos os regimes e que servirá para que todos nos sintamos melhor, pois o teatro, a dança, a música, fazem com que nos sintamos melhor e sejamos melhores pessoas”.
Há algum tempo que pretendia ir a Sevilla. Queria rever Pat Moore. Ela, por vários anos trabalhou no teatro e no cinema do Espírito Santo, foi premiada em dois festivais nacionais de monólogos por seu cenário e figurino para Shakespearianas (direção de Paulo DePaula e atuação de Suely Bispo) – também eleita como melhor peça. No cinema, Pat Moore trabalhou com diretores como Ricardo Sá, Sérgio Medeiros e Luiz Tadeu Teixeira.
Eis que, ao combinarmos nosso reencontro, Pat observou que as datas coincidiam com a época em que Sevilla estaria apresentando seu festival de artes cênicas. Ri de felicidade. Um reencontro marcado pelo encontro com o teatro.
Ao refletir, notei que dou sorte ao planejar viagens e chegar, por acaso, ao destino em pleno festival de teatro. Foi assim em 2013, com o Festival de Teatro Hispano de Miami; em 2014, com o Festival Shakespeariano de Buenos Aires, e agora, ao raiar do ano 2015, com o Festival de Sevilla!
Folheando a programação, de cara, optei por ver Desmontando Isabel, com Maripaz Sayago. Os críticos a essa montagem (dirigida por Julio Fraga e escrita por Luis Vilchez) se impressionaram com a peça: ela se desenrola “em um longo dia de verão de 1504, quando Isabel I de Castilla acaba de vencer uma disputa definitiva”. Sobre a atriz dizem, por exemplo: “Maripaz Sayago nos apresenta uma rainha forte e decidida que impôs um rigor férreo a todos os aspectos de sua vida.”
Procuro chegar ao Teatro Duque - La Imperdible, na Praça Del Duque, pouco antes das 20 horas. Acontece que, aos domingos, as peças eram apresentadas às 18 horas. Portanto, já não poderia vê-la. Pat, entretanto, ficou de vê-la em outro teatro de Sevilla e me fazer um relato... Eu, porém, só poderia voltar ao Festival no sábado seguinte após visita a Cádiz, e já havia decidido ver a adaptação de A Flauta Mágica, de Mozart, apresentada pela Compañía Dei Furbi, de Barcelona. No horário certo comprei a entrada e tive uma das experiências teatrais mais impressionantes: ver uma versão minimalista de A Flauta Mágica. Havia música a capela, muito humor e óbvios cortes em texto, onde, às vezes um ator pergunta: “Mas onde é que nós estamos mesmo?”, ao que o outro responde “Cena III, Ato II”. E a cena se desenvolve com forte clima de humor e uma criatividade que fazem atores se moverem, às vezes, como se tivessem por base uma bola...
Espetáculo de teatro e música A Flauta Mágica |
Essa versão de Mozart será inolvidável, assim como seus componentes – atores vivazes, com vozes e gestos que nos acompanharão.
No dia seguinte, não resisti. Voltei a ver A Flauta Mágica. O bilheteiro me reconheceu do dia anterior e me disse, sorrindo e passando um bilhete às minhas mãos: “Hoy es invitado.”
Aquela “cortesia” andaluza redobrou minha alegria em ter decidido repetir aquele hilário prato do cardápio tão bem elaborado pela Fest Sevilla 2015. Valeu Fest, valeu La Imperdible!
Se você quiser provar um pouquinho do prato que repeti, siga o link www.teatral.net/furbi.
Uma delícia o seu relato sobre a viagem à Espanha com o recheio maravilhoso da Fest Sevilla 2015! Querido Paulo, você é realmente um ser especial e assim, a boa sorte e as energias benéficas sempre lhe sorriem. Que assim continue em 2015! Bjs
ResponderExcluirConcordo com Denise Vasconcelos! Delicioso relato que bem mostra sua intuição em saber o tempo e o local para ver o mundo acontecer! Bravo!
ResponderExcluirDeslumbrante Paulo! Bem no clima de Lisboa e Sevilla.
ResponderExcluirSempre atraindo energias positivas inesperadas esse Paulo De Paula. Mas ele corre atrás!
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