quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Auto do Túmulo de Anchieta em Vitória

O Auto do Túmulo de Anchieta, de Luiz Guilherme Santos Neves, será apresentado pelo Teatro da Barra/ES dia 14 de setembro de 2013 (sábado), às 16 horas. A peça está na programação do evento Lendo na Calçada/Sarau da 7 – promovido pela Casa Aberta, no Centro de Vitória.


Sob a direção de Paulo DePaula, Auto do Túmulo de Anchieta é uma farsa – dotada de humor e situações inverossímeis – à moda do dramaturgo português Gil Vicente (1465-1536). Utiliza personagens do passado (como Maria Ortiz e Padre José de Anchieta) e da atualidade (entre eles um trabalhador rural sem-terra, uma socialite e uma desfiadeira de siri) para tirar bons risos da plateia.

A partir do lançamento de um edital que oferece vagas para o túmulo do Padre José de Anchieta, os interessados têm que apresentar variados documentos que comprovem suas virtudes. A mestra de cerimônia se chama Cidade de Vitória e convoca uma comissão – a Comissão de Notáveis, composta por Maria Ortiz, Frei Pedro Palácios e Mestre Álvaro – para avaliar os currículos dos candidatos.


Do autor
Em 1609, o Padre José de Anchieta, falecido na aldeia de Reritiba, hoje cidade de Anchieta, teve seu corpo removido por índios para a vila de Vitória, onde foi sepultado num túmulo na igreja de São Tiago, hoje palácio Anchieta.

Logo depois, seus despojos foram retirados do túmulo e enviados para a Bahia. No Espírito Santo ficaria apenas uma tíbia, conservada num estojo no museu da Igreja Nossa Senhora da Assunção, fundada pelos jesuítas em Anchieta. Desde então o túmulo do beato manteve-se vazio, mas conservou sua tradição de monumento histórico, patrimônio cultural do Estado do Espírito Santo.

O Auto do Túmulo de Anchieta tem como inspiração o nobre túmulo do beato, embora tratado com um toque de farsa amena e risonha. Mas eu diria que também com um toque de carinho, sendo, pois, uma farsa amorável.

Luiz Guilherme
(Vitória, 18 de outubro de 2005)


Personagens: Cidade de Vitória (Mestra de Cerimônia), Mestre Álvaro, Maria Ortiz e Frei Pedro Palácios (Comissão de Notáveis), candidatos (Sem terra, Garota de programa, Político, Magistrado, Delegado de Polícia, Socialite, Penetra, Desfiadeira de Siri, Paneleira, Mestre de banda de Congo) e Padre José de Anchieta.

Ficha técnica
Autor: Luiz Guilherme Santos Neves
Diretor: Paulo DePaula
Produção e Figurinos: Zeiza Jorge

Elenco: Dulce Lodi, Thelma Lopes, Jaime Nilson, Dilio dos Santos, Luiz Cláudio Freitas, Keyla Santiago, Rodolpho Rohr, Walter Filho, Bruno Jorge, Thiago Emerick, Thais Bediaga, Ulisses de Paulino, Zeiza Jorge, Eloá Carvalho, Raul Mesquita e Paulo DePaula.

Participação: Banda de Congo Mirim Tambor de Jacaranema

Patrocínio
Funcultura – Secretaria de Cultura do Estado do Espírito Santo
Apoio: 
Prefeitura de Cariacica, Prefeitura de Viana e Prefeitura de Vitória

Outras próximas apresentações:
Dia 21 de setembro, 14 horas, no Campo do Democrata, em Marcílio de Noronha, Viana;
Dia 28 de setembro, 16 horas, na Praça da Igreja de Cariacica Sede.

Mais informações:
Tel.: 3260-1146 / Cel.: 9935-1942 (Zeiza Jorge)

Lendo na Calçada/Sarau da 7
Troca de livros, contação de historias, oficinas de artes, lançamento de livros, palco aberto p/musica e poesia. Evento promovido todo primeiro sábado do mês de das 10h às 20h30. Porém neste mês de setembro será realizado no segundo sábado, dia 14/09.

Programação:
10h - Troca de livros, abertura da exposição em homenagem à cidade de Vitória, com obras dos artistas Alfredo Abel Tessinari e Wagner Veiga e lançamento de livros da autora Tamara Ramos;
10h30 - Contação de Histórias com o ator Anderson Lima e a Cia Phoenix de Teatro;
11h - Pintando a 7 - Atividade artística com crianças mediada pela arte-educadora Paula Ayala Hoffmann;
12h - Samba Raiz;
16h - Apresentação do Auto do Túmulo de Anchieta, com o grupo Teatro da Barra/ES;
17h30 - Música com a banda Santiago Emanuel, palco aberto para poesias com participação dos jornalistas Caê Guimarães e Alex Pandini.

Também haverá exposição e venda de marcadores de textos produzidos pela artista plástica Carmem Bridi.

Para saber mais clique aqui.

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

XXVIII Festival Internacional de Teatro Hispano – Miami, 2013

Por Paulo Spurgeon DePaula, Teatro da Barra/ES - Brasil

Em 1987 completei as exigências para meu Mestrado em Artes (Truman University) com uma tese sobre o Teatro Cubano no Exílio. Desde que conheci o movimento teatral cubano de Miami fiquei impressionado com sua vivacidade e com o fato de os cubanos haverem mantido sua tradição teatral nos Estados Unidos. Aprovado meu projeto e com o propósito de realizar a tese, passei a visitar Miami para conhecer melhor as obras, grupos teatrais, atores e autores que lá residiam. Entre os trabalhos que conheci, trouxe, para encenação no Espírito Santo, a peça “Jogo de Damas”, de Julio Matas, que com o grupo do Niac/Ufes, recebeu várias indicações: atriz, Ana Lucia Junqueira; cenário, Celso Adolfo; direção, Paulo DePaula e Ary Roaz, e prêmio de melhor atriz para Alcione Dias no Festival Nacional de Teatro Universitário de Blumenau. Em Leitura Dramática no Departamento de Letras/Ufes, com Lillian DePaula e Sylvia Cohen, apresentamos, de Dolores Prida, a peça bilíngue “Coser y Cantar”, na qual a autora (que nasceu em Cuba e foi criada nos Estados Unidos) apresenta sua dualidade e conflitos pessoais.

Com o Grupo Prometeo – fundado e dirigido por Maria Teresa Rojas, grande atriz dos palcos cubanos e, no exílio, professora e diretora do curso de Teatro Bilíngue do Miami Dade College – assistimos à leitura de “A Navalha de Olofé”, de Matias Montes Huidobro, que muito nos tocou devido ao relacionamento que percebemos entre o sincretismo religioso de Cuba e do Brasil – a mescla entre a “Santeria” e o “Catolicismo”. Essa peça foi também dirigida por nós para apresentação pelo Niac/Ufes, com os atores Alex Pandini e Alcione Dias e fez parte da programação do Festival Nacional de Teatro Universitário de Blumenau.

Justamente durante a leitura dessa peça, pelo Teatro Prometeo de Miami Dade, tive a oportunidade de conhecer o ator-diretor Mario Ernesto Sanchez. Fundador do Teatro Avante. Seu sonho era fazer de Miami um celeiro de dramaturgos e atores exilados, uma Meca do teatro hispano e bilíngue. Buscando todos os recursos, conseguiu reunir as forças necessárias para produzir o I Festival de Teatro Hispano de Miami, em 1985.

Mario Ernesto Sanchez, Diretor do Teatro Avante e do Festival Internacional de Teatro, Miami
Volto a Miami em 2013, e qual não é minha alegria de ter chegado justamente quando Mario Ernesto Sanchez e o Teatro Avante - que realmente foi Avante com seus propósitos - estavam apresentando entre 11 e 28 de julho o XXVIII Festival Hispano-Americano de Teatro. Fantástica a disposição e dedicação desse homem de teatro e não menos surpreendente a resposta alcançada com seus esforços nesses 28 anos.

Foram várias as facetas desse Festival, como a presença da Espanha com funções de concerto de jazz e diferentes apresentações de artistas, como uma afirmação dos 500 anos de contribuição da Espanha na vida da Flórida. O encerramento do Festival, dia 28 de julho, de fato apresentou o Grupo Musical espanhol Ron Lala Teatro com a peça musical “Siglo de Oro, Siglo de Ahora”, de Álvaro Tato, com direção de Yayo Caceres, que nos reportou ao Teatro da Barra/ES e nossa participação com “Auto do Tumulo de Anchieta”, de Luis Guilherme Santos Neves, durante o Congresso Internacional do Século de Ouro do Teatro Espanhol, no segundo semestre de 2012, na Ufes, sob coordenação das Professoras Drª. Ester de Oliveira e Mirtis Caser.


Grupo Lala Teatro, da Espanha e o musical “Siglo de Oro, Siglo de Ahora”, um musical homenageando os 500 anos da presença espanhola na Flórida

Entre os muitos países representados esteve o Brasil, com o Teatro Voador da Bahia e a peça “Salmo 91”, escrita por Dib Carneiro Netto, baseada na obra sobre O Massacre de Carandiru, de Drauzio Varella. Dentre os países da América do Sul, o Chile não conseguiu enviar sua representação e o país homenageado por sua contribuição ao teatro ibero-americano e pelos seus 192 anos de independência, o Peru, não conseguiu visto para todos os seus atores, o que não impediu que sua apresentação de ‘Los Rios Profundos” fosse menos brilhante, embora o final da apresentação fosse uma leitura dramática, para preencher a lacuna dos atores ausentes. Uma adaptação do diretor Ernesto Raez Mendoza do romance de José Maria Aguedas, a obra procura mostrar a atual identidade peruana através da miscigenação entre os índios quechua e os espanhóis. No encerramento, o diretor Raez Mendoza recebeu do Festival o prêmio de “Life Achievement” e exclamou ao público que “o teatro é um esforço coletivo”.
 
“Salmo 91”,peca da Cia de Teatro Voador, Bahia, no XXVIII Festival Internacional, Miami,2013
Deixamos aqui nossa palavra de admiração pelo êxito de Mario Ernesto Sanchez e o Teatro Avante que, por 28 anos, realiza esse “esforço coletivo” internacional!