Teatro da Barra/ES
Fotos: Fabrício Lima
O espetáculo reúne cantores e atores da própria comunidade da Barra do Jucu e é regido pelo maestro Inárley Carletti e com direção artística de Paulo DePaula.
Os figurinos são dos estudantes de Design de Moda da Faculdade Novo Milênio e Zeiza Jorge. O cenário é de Valmir Zatta.
Prestigie!
Cantata de Natal com Presépio Vivo
Dia 22 de dezembro (quarta-feira)
A partir das 20 horas
Na Brisa na Barra Pousada (Rua Ana Penha Barcelos, 52, Barra do Jucu, Vila Velha)
Direção musical: Maestro Inárley Carletti
Direção dos atores: Paulo DePaula
Fotos: Rodrigo Gavini
Marcamos presença no terceiro dia do festival (11/12/2010) para apresentar os esquetes entrelaçados Dúvidas Pascoais e Crianças Digitais, de Antonio Rocha Neto e Vitor Zucolotti, respectivamente. No elenco estavam Jaime Nilson, Fabbyo Leão, Dulce Lodi e Newton Raposo, sob direção de Paulo DePaula.
Aguardem, pois logo teremos mais esquetes por aí.
Remodelado, o espaço tornou-se perfeito para a concepção cênica da diretora Leda Barreto. Com uma tela chinesa ao centro, ladeada por degraus que foram perfeitamente adequados às entradas e saídas dos atores, que desciam ou subiam sempre pautados por sons (que nos levavam aos mitos e à religiosidade) de um tambor colocado no centro da baixa do palco. Às vezes as subidas e descidas desses degraus eram feitas com tal agilidade e precisão, que pareciam seis, e não apenas três atores em cena. Aliás, uma opção muito inteligente de Leda para a encenação. Lembra-nos que foi Sófocles que introduziu o trigonista – ou o terceiro ator – à tragédia, como foi ele também que elevou de 12 para 15 o número de coreutas (membros do coro).
Nesta produção os três atores iniciam a tragédia com máscaras. Após identificação, tanto Édipo Rei (Reginaldo Secundo), como Jocasta, mãe e esposa de Édipo (Leda Barreto), são também vistos sem a máscara. Já o trigonista, Ednardo Pinheiro, jamais retira a máscara e reflete tanto personagens específicos, como o coro, a voz do povo.A estreia deu-se para uma plateia de aproximadamente 40 pessoas, na maioria jovens (o programa diz ser a peça destinada a um público maior de 12 anos). Numa plateia jovem e curiosa sobre Édipo Rei, o que se notava nas conversas da fila – onde se ouvia o nome daquele grande herói trágico da Grécia de quase 3.000 anos antes de Cristo – é que ele era conhecido por essa nova geração, que sabia ter sido ele o responsável pelo “complexo de Édipo”, da psicanálise.
Édipo, filho do Rei Laio e Jocasta, fora banido do reino logo ao nascer, devido a uma previsão de que aquele filho seria o assassino de seu pai e se casaria com sua mãe. Os reis queriam-no morto, porém o criado o salvou. Adulto, Édipo volta ao Reino (Tebas) e toda a profecia acontece, desde a morte de Laio, em um confronto na estrada, ao casamento com Jocasta, após decifrar o enigma da Esfinge.
Totalmente inocentes, pois jamais poderiam supor quem realmente eram, cometeram incesto e tiveram filhos. Só depois é revelada a verdade que culmina com a tragédia.
Enquanto me pareceu muito adequado o uso da tela chinesa para o suicídio de Jocasta, senti falta de situação semelhante para Édipo, que não é visto, apenas ouvido (em excelente interpretação de Reginaldo) em seus gritos lancinantes de dor, enquanto vaza seus olhos com alfinetes retirados dos trajes de sua mãe/esposa morta.Este vazar dos seus próprios olhos se reveste de uma realização da função de exemplo e esta visão poderia ser passada, quando, após a luta consigo mesmo, Édipo fosse visto com a missão cumprida, através de sua máscara com os olhos dilacerados.
A tragédia grega nos apresenta uma visão de que o indivíduo não existe, pois o poder dos deuses é irreversível e a função do homem, regida por eles, é inexorável. ED&PO não pode deixar de ser visto. Em aproximadamente 50 minutos a plateia volta à Grécia e reconhece nela as mazelas dos dias de hoje, visita oráculos e ouve o conversar de Esfinge e lamúrias do povo. São dias de glória e devastação. Com sua fé inabalável, Édipo procura e encontra a verdade: a tragédia da vida de ser ele, o ser que ele procurava.
A ACAC (Associação Cultural de Artes Cênicas) e os atores Leda Barreto, Reginaldo Secundo e Ednardo Pinheiro conseguiram – com adereços de Adriano Carraretto e expressão Corporal de Marcelo Ferreira – que a peça se desenvolva num fluir que envolve e satisfaz o público.
Sem dúvida sua carreira será longa. Fiquem de olhos abertos. Novas apresentações já estão sendo agendadas na Aliança Francesa, Vitória, e Academia de Letras Humberto de Campos, Vila Velha. Se ouvir falar que ED&PO está no pedaço, reserve seu espaço. Vale a pena ver.
Programação:
Dias 14 e 15 de maio, às 20 horas, na Fafi.
Dia 16 de maio, às 18 horas, na Academia de Letras Humberto de Campos, Prainha, Vila Velha.
Dia 22 de maio, às 19 e às 21 horas, na Aliança Francesa de Vitória.